Dr. José Antonio Ercolin
O ano de 2020 tem sido diferente de tudo que vivemos, comparado apenas com precedentes históricos. A pandemia nos força a nos isolarmos de tudo, sem qualquer contato social, mudando toda a rotina e forçando as pessoas a sofrerem uma redescoberta, seja na forma de trabalhar, ou mesmo de se relacionar com os pares.
No meio deste cenário, nós, brasileiros, nos vemos diante de um desafio ainda maior que é a organização de uma eleição municipal.
O Congresso alterou a Constituição Federal para transferir o primeiro turno para 15 de novembro e o segundo, onde houver, duas semanas depois, em 29 do mesmo mês.
O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do TSE, contou com o apoio da Câmara e do Senado que, mesmo em tempos difíceis, nos quais parte das instituições mostra-se incapazes de cumprir suas missões, outras apontam que podemos e devemos seguir acreditando na democracia como melhor forma de tomada coletiva de decisões.
E é em nome desse bem comum, a democracia, que se mostra fundamental a realização das eleições.
Mas como realizar uma eleição, como fazer uma campanha eleitoral em meio a tantas restrições, principalmente a social? Como nossos políticos, seja no executivo ou no legislativo municipal, devem se portar? E mais uma vez, a resposta é a reinvenção.
A forma de se fazer campanha vem sofrendo uma série de modificações, em que as restrições impostas pela legislação têm “empurrado” os candidatos para as redes sociais e outras ferramentas que facilitem a aproximação dos eleitores às suas plataformas políticas, a conhecerem suas ideias, propostas e anseios.
Ocorre que vivemos em um país em que o acesso a informação via internet ainda é muito precário em boa parte de seu território.
Ou sejam as modificações na forma de se fazer política ainda estão longe de alcançar uma grande fatia da população.
Não se pode afirmar que isso é um problema insuperável e que os eleitores o não terão o acesso necessário às informações para escolherem seus candidatos, mas sim de apostar no engajamento daqueles que se propõem a disputar uma eleição, a representar seus concidadãos.
Será necessário que os postulantes aos cargos públicos busquem conhecer as revindicações e esperanças dos eleitores e que, sensíveis a estes anseios, possam dar uma resposta positiva, convincente a ponto de convencer que merece o voto daquela população.
Vamos apostar no poder de reinvenção de nossos candidatos, assim como na força da democracia que, para usar a expressão do momento, vem se acostumando ao novo normal.
Dr. José Antonio Ercolin – Advogado Eleitoral, integrante da Comissão Eleitoral da OAB