As relações entre Brasil e China ficaram tumultuadas em 2020 após declarações de parlamentares sobre a origem do coronavírus e a qualidade das vacinas produzidas naquele país. Mesmo assim, nós ainda precisamos da nação asiática, inclusive para a compra de insumos na produção de imunizantes. Reaproximar os dois gigantes é uma das missões do deputado federal Fausto Pinato. O jovem político do partido progressista é presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e, atualmente, vem batendo de frente com o governo federal por suas opiniões firmes. “Sou de direita, mas uma direita moderada que está aberta ao diálogo”. O Palácio do Planalto sabe que precisa de Pinato e já acena a bandeira branca. A recíproca é verdadeira? É o que você descobre a seguir nesta entrevista exclusiva Direita Nacional.
Como está sua relação com o governo federal?
Eu torço pelo governo. Eu voto sempre com o governo, então eu me considero um aliado. Quero que o governo dê certo e seja bem sucedido sempre, mas a postura que o presidente está tomando ultimamente está provocando consequências ruins, fazendo com que ele perca aliados.
O senhor se refere ao combate a Covid-19?
Sim, isso é uma das coisas. A racionalidade começou agora com a chegada do novo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Também estou muito contente com a postura do nosso novo chanceler, mas não adianta trocar ministro e um parente próximo atacar os países amigos. Neste momento era para termos vários representantes do governo, inclusive deputados, viajando para outras nações e costurando alianças.
Está faltando uma postura mais de diálogo, então?
Quem dá sustentação ao governo é o centro, então o diálogo é importante. Eu sou de direita, mas uma direita moderada. Sou presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e sei que, quando envolve a China, a ideologia não pode atrapalhar. É nosso maior parceiro no agronegócio, por exemplo. Por que temos que ficar criando clima hostil? O governo Bolsonaro está se reaproximando da China. Bem ou mal quem está nos ajudando com as vacinas é a China. Agora a Rússia, a Índia também. Eu estou vendo essa reaproximação. Isso é o certo a ser feito.
Qual a sua opinião sobre a vacinação no Brasil?
Nós precisamos nos tornar auto suficientes. No início não acreditamos na pandemia e agora ficamos para trás na aquisição de vacinas e insumos. Então precisamos acelerar a nossa própria produção.
O senhor demonstra estar disposto a ter uma boa relação com o Palácio do Planalto, mas não existiria um obstáculo chamado Eduardo Bolsonaro? Ele lhe fez provocações pelas redes sociais recentemente.
O Eduardo era um cara que jogava bola comigo. Não tenho nada pessoal contra o Eduardo. Se ele sentar comigo ele vai saber que concordo com ele em vários pontos. Vou repetir, eu voto na maioria das vezes com o governo na Câmara dos Deputados. Contudo, acredito que nós precisamos de uma linha mais moderada e eu sou aberto ao diálogo da contrução. Quem ganha com essa briga interna da direita é a esquerda. Eu quero a união da direita, mas se me tacou pedra vai levar pedra de volta.